Turismo

Caminho de Alice emociona trilheiros em Treviso

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TEXTO E FOTOS: ENGEPLUS 

O Instituto Allouata organizou a 1ª edição do Caminho de Alice. O evento reuniu 60 praticantes de ecoturismo nesse domingo, dia 16. Eles andaram cerca de seis quilômetros pelas ruas, estradas e trilhas de Rio Ferreira, interior de Treviso. O encontro iniciou em frente as duas casas centenárias, transformadas em pousadas, que pertencem a família de Alice Tasca Cimolin.

O trecho da rua entre a Gruta Nossa Senhora de Lourdes e a Capela de Nossa Senhora do Caravaggio, na comunidade do Rio Ferreira é denominado Caminho de Alice. O nome escolhido é uma homenagem à memória de Alice Cimolin. Ela era uma mulher de muita fé. Fez e cumpriu a promessa de rezar o terço na gruta todos os dias, durante sete anos. No dia da Assunção de Nossa Senhora, 15 de agosto, todos os anos, ela rezava mil Ave Marias.

A engenheira agrônoma, Lúcia de Lourdes Cimolin, passou muita emoção ao contar a história da mãe em frente à casa onde ela morou. Segurando alguns rosários, as lágrimas correram pelo rosto, enquanto mostrou objetos de recordação. “Minha mãe subia estes morros todos os dias com uma cesta e um balaio nas costas. Ela levava duas garrafas de café com leite que eles tomavam para engolir a polenta já dura. O peso total dava aproximadamente uns dezesseis quilos porque ela levava uns cinco de comida. No final da tarde descia com o balaio cheio de capim para tratar as vacas de leite”, contou Lúcia.

Frutas como banana, bergamota e morangos foram colhidos durante a caminhada. Amizades surgiram ou se fortaleceram. A maioria sentiu-se à vontade para rezar a oração universal do Pai-Nosso e dez Ave-Marias. O encontro foi encerrado com um almoço típico italiano.

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O encontro de Joana e Zaida

Joana Consoni Salvador mora em Treviso há 82 anos. Ao lado da neta fez a primeira trilha de sua vida. Lembra da amiga de Alice como uma mulher que trabalhava muito na plantação de fumo, banana, arroz e milho. Algumas vezes ela a acompanhou nas orações e diz que mesmo doente, gripada, não desistia da promessa. O lugar mais longe onde esteve foi o Santuário de Aparecida do Norte, em São Paulo.

Zaida Zappelini da Rosa mora em Criciúma, há 73 anos. Sua família marcou história com a fotografia. Faz em média vinte trilhas por ano, começou há 11 anos. É uma das organizadoras do grupo SOU – Sou Luz, Sou Grato, Sou Caminhante, Sou Feliz. Já tem em seu currículo caminhos famosos como Santiago de Compostela, na Espanha. Ela já percorreu o Vale Europeu Catarinense e está se preparando o trajeto de Tubarão até a Madre Paulina. “Mas, nada supera o Caminho de São Francisco, na Itália. Compostela é muito estruturada, nos albergues tem lavadora e secadora de roupa. São Francisco é pobre, não tem água, não tem luz e descansamos em sacos de dormir nas celas de antigos mosteiros. É uma experiência que te faz vivenciar a pobreza”, comentou Zaida.

No meio do caminho as duas mulheres pararam para conversar. O encontro foi promovido por algumas pessoas que resolveram valorizar o passado do lugar. Assim como Alice, Joana e Zaida são mulheres fortes, corajosas, determinadas e de muita fé.

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Conheça um pouco mais sobre a vida de Alice Cimolin

Alice Tasca Cimolinnasceu em 29 de abril de 1925. Viveu na Comunidade do Rio Ferreira, até a data de seu falecimento, em 3 de setembro de 2001.

Casou-se com Sylvio Cimolin e teve três filhos: Décio, Antonio e Lúcia. Aprendeu a ler e escrever com seu tio Pascoal Possenti, pois sendo a primogênita, seus pais não lhe permitiram ir à escola sequer um dia, dada à necessidade de auxiliar a criar seus irmãos e trabalhar na roça.

Da sua família, para a nova, após o casamento, a vida continuou dura: sobreviver da produção agrícola e da criação de animais. Naquele tempo não haviam empregos, muito menos algum salário.

Era comum o corte de mata e a queimada dos vegetais para os plantios. Depois de dois anos plantando-se num determinado lugar, deixava-se novamente a vegetação se regenerar e cortava-se outro trecho. Isto era feito porque não haviam adubos e a terra precisava se recompor.

Com o passar dos anos, buscou juntamente com seu marido adquirir terras próprias. Foi assim que adquiriram uma área de terras no vale do Rio Ferreira. As lavouras ainda ficavam nas terras mais férteis em cima do morro.

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