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Exclusivo: Sideropolitana curada da Covid-19 relata dificuldades que encontrou após contrair o vírus

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Em entrevista exclusiva ao Siderópolis Notícias, a sideropolitana Adair Maria Fernandes, conhecida como Ica, de 55 anos, técnica em enfermagem, que contraiu o coronavírus após ter contato com uma colega de trabalho que viajou em um cruzeiro na costa brasileira, relatou dificuldades que encontrou durante o tratamento e falou sobre os dias que ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Confira a entrevista.

Repórter: Você sentiu algum sintoma?

Ica: Sim. Dor de cabeça, muita tosse, dor no corpo e uma dor intensa e insuportável de garganta, não conseguia nem falar direito. Febre e falta de ar só comecei a sentir depois.

Repórter: Você faz parte do grupo de risco?

Ica: Sim. Sou hipertensa e tenho diabetes.

Repórter: Que dificuldades encontrou?

Ica: Não tinha vontade de comer nada. Fiquei praticamente 10 dias sem me alimentar. A doença afeta bastante o olfato e o paladar e deixa um residual de amargo na boca, nem água eu conseguia beber direito.

Repórter: Quando procurou ajuda médica?

Ica: Procurei o Centro de Triagem, em Criciúma, para fazer o teste, porém como eu não apresentava os principais sintomas, febre alta e falta de ar, eles não fizeram o exame. Quando voltei a procurar o médico, em Siderópolis, ele me encaminhou para o Hospital São José, de Criciúma, com pedido de internação. Chegando lá logo recebi oxigênio, pois já estava sentindo falta de ar. Foi então que realizei o teste para o coronavírus.

Repórter: Quanto tempo ficou no hospital?

Ica: Fiquei na UTI inconsciente por uns 12 dias, respirando com ajuda de um respirador. Logo depois fui transferida para um quarto, onde fiquei sozinha. Ao todo foram quase 20 dias no hospital.

Repórter: Tinha mais pessoas no hospital com o vírus?

Ica: Eu fui a primeira paciente internada na UTI do hospital com coronavírus, mas depois tinha um outro homem comigo na ala, também com o vírus.

Repórter: Como foi o atendimento no hospital?

Ica: Os médicos e enfermeiros foram maravilhosos, me trataram muito bem, fizeram de tudo por mim. Sempre usando todos os equipamentos de segurança.

Repórter: Quando recebeu alta?

Ica: No dia 16 de abril.

Repórter: Depois da alta ficou em isolamento domiciliar?

Ica: Sim. Ganhei alta para fazer o tratamento em casa e fiquei em isolamento domiciliar por mais 14 dias.

Repórter: Como foi o contato com a família depois de voltar para casa?

Ica: Tenho uma filha de 20 anos, que mora comigo. Quando cheguei ela me ajudou com os afazeres da casa e como eu estava muito fraca ela cozinhava pra mim, mas não tivemos contato, eu fiquei o tempo todo isolada no quarto e ela deixava a comida na porta.

Repórter: Na família ninguém mais apresentou sintomas?

Ica: Minha filha que mora comigo teve sintomas fracos enquanto eu ainda estava em casa. Quando fui internada ela voltou a ter sintomas, só que mais fortes, como dor de cabeça, dor no corpo e tosse, ela procurou o hospital, mas não chegou a fazer o teste. Uma outra filha, que não mora conosco, também teve contato comigo mas não apresentou sintomas.

Repórter: Está tomando algum medicamento?

Ica: Sim. Antibiótico e bombinha para o pulmão. Como tive que passar por uma traqueostomia também estou me cuidando, comendo comidas mais pastosas, pois a ingestão é difícil.

Repórter: Está saindo para fazer alguma atividade?

Ica: Não. Por mais que os meus dias de isolamento já tenham passado, não estou saindo de casa pra nada, mesmo o médico tendo liberado, pois ainda estou muito fraca, mas estou bem melhor. Nem minha filha está saindo, quem faz as compras necessárias é a outra filha.

Ica deixou uma mensagem para as pessoas.

“Eu estou dando muito mais valor à vida pois sei que perder uma vida por falta de cuidado é muito triste. Essa doença é silenciosa e muito dolorida que me pegou de surpresa, então quero dizer que esse vírus é sério e como é uma coisa nova nem a medicina consegue explicar e entender claramente sobre o tratamento e estão fazendo o que podem. Então eu peço que todos se cuidem, respeitem as normas de higiene, respeitem o espaço e o direito de liberdade das pessoas. Se cuidem, pois é um vírus muito triste que deixa estrago na vida”.

Ica também deixou uma mensagem aos colegas de profissão.

“Quero agradecer todas as pessoas, principalmente os profissionais da saúde, que cuidaram de mim, todos são guerreiros, estão arriscando a vida pelas pessoas”.

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TEXTO E ENTREVISTA: JATENE MACEDO – REDAÇÃO SIDERÓPOLIS NOTÍCIAS
FOTO: REDE SOCIAL HOSPITAL SÃO JOSÉ

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