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Hoje Covid-19, amanhã TEPT

alessandra martarello2

É natural sentir medo durante e depois de uma situação traumática, não é mesmo? Praticamente todos nós em alguma fase da vida iremos passar por momentos que nos cause algum tipo de trauma. No entanto muitas pessoas conseguem se recuperar naturalmente com o passar do tempo.

Porém quando esses traumas viram fantasmas e passam a atormentar o indivíduo o tempo todo, causando sofrimento emocional, psicológico e até mesmo físico, é preciso olhar mais de perto o pode estar acontecendo. Talvez você possa estar desenvolvendo o TEPT – Transtorno do Estresse Pós Traumático.

Para muitos o que estamos vivendo relacionado à pandemia da Covid-19 traz situações novas e com diferente intensidade de ansiedade, o que em níveis elevados pode nos remeter ao TEPT.

Estamos vivendo a Pandemia em diferentes situações, de alguma forma todos nós estamos sofremos com os efeitos do Covid-19.

A perda do ente querido, demissões, falta de dinheiro, a vida que virou de pernas para o alto, os profissionais da saúde que presenciam cenas constantes da luta pela vida, as crianças que não sabem ao certo o que fazer, o distanciamento dos que se amam e uma infinidade de outras dores.

A questão aqui é que algumas pessoas podem reviver essas dores quando a pandemia já estiver passado. Esse “depois do trauma” pode ser complicado e exigindo cuidados profissionais.

Essa revisitação é o que chamamos de Transtorno do Estresse Pós Traumático – TEPT, que trata-se de um distúrbio de ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais, em decorrência de testemunhar atos violentos ou de situações traumáticas, que em geral representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros.

SOBRE OS SINTOMAS

Para alguns se manifestará através da revivência do medo, alterações emocionais e comportamentais, já em outros  pode prevalecer a anedonia e apatia, e há ainda aqueles que podem apresentar combinações dos sintomas. Em todos os casos, os principais componentes são: o sofrimento psíquico, prejuízo nas atividades diárias, comprometimento da qualidade de vida, dificuldade de concentração memória e racionalidade, sentimentos de culpabilidade e ansiedade, desinteresse em atividades que antes dava prazer, diculdades para dormir e manter o sono e maior incapacidade laboral.

Em relação aos profissionais da saúde que estão na linha de frente, esses sintomas podem ser ainda maiores, as condições psíquicas são semelhantes ao “estresse de combate”, situações em que esse profissional é acometido por forte tensão emocional, e ainda é responsável por tomar decisões cruciais e imediatas, que colocam em risco a sua vida e a vida do outro.

O ser humano segue humano, ainda que a função o treine para ser racional e tolerante ao sofrimento do outro. O profissional da saúde também segue humano e frágil, ainda que assuma um juramento de cuidar da saúde da população.

A emoção segue inerente ao ser humano, mesmo quando o momento exige comportamentos racionais e técnicos.

E não, eles não são heróis, não tem superpoderes e não são imortais. E sim estão fazendo o melhor possível utilizando da coragem, conhecimento e honra.

A verdade é que não podemos julgar ou prever como as pessoas lidam com as situações traumáticas, principalmente nós mesmos. Nenhum de nós sabe como será o dia de amanhã, o que ainda viveremos e principalmente como iremos reagir diante dessas situações.

Cuidar de você e dos seus é de suma importância neste momento.

A Pandemia da Covid-19 vai nos deixar muitos ensinamentos, e talvez, o maior deles é sem dúvida que todos  dependemos uns dos outros.

 

Alessandra Martarello Alves
Psicóloga – CRP 12/2598

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