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Seu perfil e as armadilhas dos perfis

Fabiano Tremea Vargas

A grande maioria dos investidores brasileiros é Conservador. Mas há também os Agressivos.

Acalme-se… não me refiro a qualquer tipo de orientação política ou ideológica.

Esse tema é sensível e individual demais – e pretendo passar bem longe, por aqui.

O Assunto da vez é Análise de Perfil do Investidor – o API.

Trata-se de uma solução que identifica e classifica o seu perfil, como investidor. Via de regra, Bancos e Corretoras adotam a nomenclatura: Conservador, Moderado ou Arrojado. Mais recentemente, alguns incluíram o perfil Agressivo.

O API serve para orientar as escolhas de produtos compatíveis com seus objetivos, de acordo com a sua tolerância a risco e as suas expectativas de investimento.

Não é uma simples atitude simpática da Instituição; nem apenas mais uma ferramenta de cadastro para ofertar produtos. Desde julho de 2015, a aplicação do questionário passou a ser obrigatória para todas as instituições financeiras (Instruções Normativas da CVM nº 539/2013 e nº 554/2014).

Você acha fácil investir?

 

Caso seus investimentos variassem entre retornos positivos e negativos, o que você faria?

 

O que você costuma fazer quando recebe um recurso extra?

A API inicia quando você responde às perguntas elaboradas exclusivamente para avaliar seu perfil como investidor. Elas estão relacionadas ao horizonte de investimentos, tolerância ao risco, objetivos do investimento, renda mensal, valor e ativos que compõem o patrimônio, necessidade futura da utilização dos recursos, investimentos que possui familiaridade, frequência e volume de aplicações realizadas, sua formação acadêmica e experiência no mercado financeiro.

Com as suas respostas, o Banco ou Corretora apresenta o seu Perfil de Investidor.

Seu perfil

* Conservador: prioriza a segurança como ponto decisivo para as suas aplicações, o ideal é manter percentual maior da sua carteira de investimentos em produtos de baixo risco, mas pode investir uma pequena parcela em produtos que ofereçam níveis de riscos diferenciados, com objetivo de atingir ganhos no longo prazo.

* Moderado: deseja segurança nos seus investimentos, mas também aceita investir em produtos com maior risco que podem proporcionar ganhos melhores no longo prazo. Diversificar é a estratégia indicada para os investimentos de clientes com esse perfil.

* Arrojado: busca possibilidade de maiores ganhos no longo prazo, para isso aceita correr mais riscos. Para proteger seu patrimônio, o indicado é aplicar parte de seus investimentos em produtos de baixo risco.

* Agressivo: destinado a investidores que já possuem um conhecimento mais avançado do mercado e buscam uma exposição maior ao risco em busca de oportunidades.

Sua decisão

Um profissional ético, antes de qualquer orientação de investimento, deve conhecer o Perfil do Investidor do seu cliente. E deve fazê-lo por meio de um questionário objetivo e sem vícios.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais chama esses princípios éticos de Diretrizes de Suitability: que dispõem sobre o dever de verificação da adequação dos Produtos de Investimento, serviços e operações ao perfil do investidor.

Atualmente, a internet é terreno fértil, onde brotam blogs e perfis divulgando dicas e orientações de investimentos.

Como em qualquer profissão ou área de conhecimento, há espaço para a ética e para a falta dela.

Existem os chamados caça-cliques, os vendedores de cursos; aqueles que acertaram algumas vezes e tentam comercializar isso como técnica. E até alguns que de fato entregam bom conteúdo, de maneira honesta.

A minha dica, caso o leitor se interesse, é pesquisar o profissional – ou a página, o perfil. Buscar a formação (acadêmica e profissional), as licenças e certificações. Há um discurso que vem ganhando adeptos que rechaça a ideia de formação e estudos. “Eu quebrei sete vezes. Isso vale mais que qualquer MBA”, já li por aí. É admirável e pode ter dado certo para alguém. Mas definitivamente não é a regra e merece toda a nossa desconfiança.

Não há razão para um bom Analista ou Consultor da área financeira não possuir alguma licença reconhecida pela Comissão de Valores Imobiliários – a CVM, autarquia que disciplina o mercado. No caso de representar alguma marca (um banco, uma grande corretora), essa identificação fica até mais tranquila.

Um grande acerto isolado, que pode fazer o investidor multiplicar patrimônio, pode até acontecer. Mas não deve fazer parte de um portfólio de orientações. Não faria do meu, ao menos.

Simplesmente copiar a carteira de investimentos de alguém que divulga em seu perfil, não necessariamente fará você repetir o desempenho. Há uma série de variáveis envolvidas nesse processo. O pronto de partida para compreender essas variáveis é a API.

Um bom profissional questiona, apresenta, explica, orienta, discute. Mas a decisão é sempre do dono do dinheiro – o cliente, o investidor.

 

 

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