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Vinhos e Rolhas

Douglas Andre Wurz

O uso da rolha foi adotado a partir do século XVII, quando começou a conservar o vinho em recipientes de vidros de forma padronizada. Sendo que o desenvolvimento da rolha foi um marco importante para a guarda da bebida em garrafas.

Atualmente existem vários materiais que podem ser utilizados para a fabricação de rolhas. Porém, por muitos anos, a rolha de cortiça foi o único material a ser utilizado para tampar uma garrafa de vinho. Atualmente, são vários os materiais utilizados para a fabricação de vedantes das garrafas de vinhos.

A cortiça é um tecido vegetal impermeável e flexível, com estrutura que pode ser comprimida até metade do seu volume sem perder sua elasticidade. A cortiça é retirada do sobreiro, que é uma árvore que pode alcançar até 20 metros de altura e tem uma vida média de 150 anos e pode fornecer em torno de 12 – 15 extrações de cortiça ao longo de sua vida. Um sobreiro leva 25 anos para dar sua primeira safra, e a cada nove anos, a casca de cortiça pode ser retirada. O principal produtor da cortiça é Portugal, principalmente na região do Alentejo, importante região vitícola portuguesa.

Os melhores vinhos ainda são enrolhados com rolha de cortiça, pois devido suas características de expansão, ela apresenta uma excelente vedação, impedindo o contato do vinho com o oxigênio. A rolha de cortiça é mais porosa e permite uma evolução harmoniosa do vinho de guarda, e é muito mais charmosa e elegante de ser retirada. Por outro lado é suscetível a contaminação do TCA (tricloroanisol), que provoca odor e mofo no vinho, também conhecido como bouchonné, que prejudica as características organolépticas do vinho.

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Com o aumento da produção vitícola, a demanda por cortiça também aumentou, e começou a surgir materiais alternativos para a elaboração de rolhas. Entre esses materiais está a rolha sintética que chegou ao mercado em 1990, causando espanto em muitos consumidores. Essas rolhas sintéticas são mais baratas, permitem que o vinho seja armazenado de pé, porém como desvantagem está o lado estético e o fato de não saber ao certo sua durabilidade.

Outro material que surgiu e vem a cada ano ganhando mais espaço são as Tampas de Roscas, conhecidas também como Screw Cap. Esse material foi pesquisado na Austrália desde os anos 60 e há muito tempo foi utilizado em diversos tipos de bebida. É uma tampa metálica de rosca coberta por um plástico inerte. Este tipo de vedante é adotado por novos produtores a cada ano e é a grande tendência deste mercado. Suas vantagens são: baixo custo, é de fácil manuseio, é reciclável, e possuem uma excelente eficiência de vedação, funcionando perfeitamente para vinhos que devem ser consumidos jovens, como por exemplo, vinhos brancos e tintos de consumo jovem. Além disso, é prática para abrir, pois dispensa o uso de saca-rolhas, podendo popularizar o consumo de vinho no dia a dia.

screw cap rolha

Muitos consumidores ainda tem algum tipo de preconceito com as rolhas alternativas, como é o caso da Screw Cap, porém para vinhos que devem ser consumidos jovens ela é extremamente eficaz com a sua função, que é vedar as garrafas e impedir o contato do ar com o vinho.

A escolha da vedação é uma questão controversa, existe uma série de fatores que podem influenciar na escolha, que vai desde o tipo de ponto de consumo, estilo do vinho, nível de qualidade, faixa de preço, aspectos práticos, a atitude do vendedor e atitude do cliente.

A rolha é um produto incrível, é flexível, trabalhável e impermeável. Além disso, retirar uma rolha de um vinho tem todo o seu ritual, por mais simples que seja. É prazeroso e uma tradição. E o mundo do vinho é feito de tradição, as mudanças são lentas, trabalhosas e difíceis.

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