Saúde

A pandemia e o impacto na vida das pessoas que convivem com o TOC

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O Transtorno acabou desencadeando em mais pessoas por conta do coronavírus

A pandemia do novo coronavírus trouxe à tona a extrema importância da higienização. Lavar com frequência as mãos, utilizar álcool gel, trocar de roupa e tomar banho diariamente, retirar os sapatos ao entrar em casa, são muitas as ações que devemos fazer no nosso dia a dia para evitar que qualquer bactéria ou vírus contamine nossa família.

Mas é preciso atenção na hora da limpeza. O excesso pode desencadear uma mania ou até mesmo o tão conhecido Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). A diferença dos dois é que a mania por limpeza não atrapalha os outros afazeres da pessoa, deixando com que ela exerça funções além da limpeza.

“Existe muita gente com algumas manias específicas que podem ter sido aprendido com a própria família, isso seria um ciclo de repetições aprendidas. Que dependendo do grau de intensidade, pode sim refletir na saúde mental”, explicou a psicóloga, Alessandra Martarello.

A pandemia

Com a pandemia as pessoas desenvolveram com mais frequência o Transtorno, por estar sempre higienizando as mãos e utilizando máscaras. Com isso, a pessoa cisma que sem a limpeza ela pode pegar o coronavírus e contaminar os outros ao seu redor.

Maria* descobriu que tinha o Transtorno com 12 anos, ela passava pano até três vezes por dia no chão e limpava os móveis com água sanitária. “Acabei estragando todos os móveis da minha família. É difícil não ter álcool em casa e quando não tinha eu confesso que já higienizei as mãos com água sanitária, pois pra mim são os dois únicos produtos que limpam com eficácia”, relatou.

Agora com a pandemia Maria* conta que evita sair de casa com bolsa, só usa uma carteira pequena. Ela também não entra de sapato dentro de casa e quando os tira borrifa álcool.

Antes de descobrir o Transtorno Maria* sofria muito, até que chegou a um ponto em que ela não aguentava mais e pediu pra sua mãe levá-la ao médico. “Quando descobri comecei a tomar remédio controlado e fazer terapia. Hoje com 33 anos está mais controlado, mas ainda não consigo dormir sem lavar o cabelo e tudo que entra em casa preciso esterilizar. Por conta do coronavírus acabei pedindo para meu médico aumentar minha medicação, pois estava ficando apavorada, contou.

O tipo de TOC que Maria* possui é da higienização pessoal, mas existem outros como, o Transtorno da assimetria e da organização. “É mais forte que eu, não consigo dominar. Já fiz terapia mas não me adiantou de nada. Hoje busco outras alternativas para me livrar da medicação”, concluiu.

Procure ajuda

Quando a pessoa possui o Transtorno, os amigos e familiares também sentem esse estresse. “Na cabeça das pessoas, principalmente em tempos de pandemia, elas acham que tudo está sujo e precisa ser limpo. O TOC são rituais onde a pessoa não faz uma vez só, faz diversas vezes, e isso acaba atrapalhando a vida dela”, disse a psicóloga.

Além do TOC, outros transtornos também podem se desenvolver durante a pandemia, como por exemplo a depressão e a ansiedade. “É importante procurar ajuda profissional. Psiquiatra, neuro e até mesmo o clínico geral podem auxiliar nesse processo. A terapia é tão importante quanto a intervenção medicamentosa”, concluiu Alessandra.

*O nome Maria é fictício e foi usado pois a entrevistada preferiu não ser identificada.

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TEXTO E FOTO: JATENE MACEDO – JORNALISMO SATC

 

 

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